quarta-feira, novembro 23

Enluarado

a lua
nua e crua
envolta de lumes
mansidões
a lua
repleta em suma
senhora das razões
contudo
a lua fulgura
em intrépitos
turbilhões
a lua
a lua
a lua
miragem
clamor
amplidão
de certo
a lua aguda
visão dos amores do mar
a lua flutua
em asas
exatas
quisera eu voar
culminar
na lua
esta nua e crua
exalar seus mistérios
a lua
alerta
escuta:
quer em ti
lhe emancipar
curar
lavrar
a lua
quiçá te inclua
perpétua
possua
seu clarear
a lua
apruma
brilho
que nunca se apagará...



// pra encerrar em grande estilo


sábado, outubro 8

Brados e afincos

naquela relutância, os brados e afincos, tomo um café, fumo um cigarro, deixo soar o tempo. e tá difícil, tanta promessa, rezas, ervas santas. vou caminhando enquanto não encontro o ponto das auroras. eu deixo ir embora algum rancor. refaço coisas como lavar louças e fazer arroz. vivo na esperança dos presságios líricos. fui ver a colheita de algodão doce. estou só. estou só.. estou só.

quinta-feira, setembro 22

Diz

bate um vento no rosto
estou sozinho
só o vento no rosto diz
sopra as feridas
compõe amores
na sala um verso, um sexo, um gim
lembro dos detalhes
dos instantes mudos
palavras escritas em giz
bate um vento no rosto
estou sozinho
só o vento no rosto diz

Inclinação

inclinação ao seu corpo
devoração dos seus poros
aclamação das suas ancas
toda emoção daquela nossa dança

preta
estamos juntos
e vamos ganhar o mundo
seja
sempre serena e bela
acalme minha pele
e pernas

sou teu
só teu
meu eu
confunde ao teu
e somos um

um brado
um apogeu
entre nós dois
nada é comum

terça-feira, setembro 20

Rumo ao sol

remanso
mandisão
clamor
um tanto de amor pra dar
nao vou rimar nada com dor
aqui não há lugar
to extirpando dissabor
e rumo ao sol vou caminhar
compondo versos de louvor
livre das pragas
a vida é rara

segunda-feira, setembro 19

Destino

pela exatidão
de um gesto
e um resto de chão
pra andar
rupturas
jeitos
trecos
uma jura pra guardar
mundo afora só loucuras
solavanco, sol a pino
por mais flores no caminho
que este seja o destino

Senhor do tempo

refazendo planos
destruindo enganos
regando a flor na janela
lendo os meus sonhos
um clamor tamanho
ainda tenho saudade dela
vezes falo alto
vezes só silêncio
o meu eu é meu abrigo
ao senhor do tempo
todo sentimento
que seja brando comigo

domingo, setembro 18

Dobre este verso

dobre este verso
ponha no bolso
cada palavra
um esboço
de tramas viris
gestos hostis
verso que eu
nunca fiz

sexta-feira, setembro 16

Crua

sobre as perdas
ruas escuras
escassos meios
ruptura
de brados
freios
as conjunturas
me cortam ao meio
a vida é crua